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Novidades
Pequeno conto “O Diário” publicado na revista InComunidade.
Artigos: A Parentalidade não é fácil, Perderemos o nosso rumo com a tecnologia?, Coletivos de Escritores e Vamos acampar neste verão no Repórter Sombra
Fui selecionada para a Antologia de Poesia Transatlânticos - do Clube de Leitura Transatlânticos.
E como costumo fazer todos os verões, ultimamente, disponibilizo em ebook dois contos. “O Livro de Cassandra”, um conto já publicado em 2014 na coletânea promovida pela Esdime “27 Acobracias sobre (quase) a mesma coisa”; e a tradução para inglês de “Piano Surdo - Deaf Piano”, um conto que já tinha há algum tempo em ebook e que tem sido dos contos mais lidos e mais comentados. Da vossa parte agradeço as leituras. Os ebooks estão a ser distribuídos nos sites do costume (como Kobo e Apple), mas podem sempre contactar-me com alguma dúvida ou pedido de oferta.
Estive no processo de seleção da 3ª edição dos Prémios Literários Entre Palavras (Entre Palavrass) nas categorias “infantil” e “conto”, e em ambas passei até ao final. Apesar de não ter vencido, só tenho a agradecer a todos os que votaram nos meus textos. E parabéns a todos os vencedores!
Estive presente, no dia 13 de julho, nas Piscinas Municipal de Aljustrel, para apresentar o meu livro “A Menina e o Circo” às crianças, organização da Ria Market.
Por fim, ainda fiquei a saber que tinha sido selecionada para a próxima revista “Contos de Samsara” com o conto “Labirinto dos Espelhos”.
Estarei presente na Feira do Livro de Monchique dia 3 de agosto, às 17h00 para uma conversa entre escritores.
Também irei estar nas Palavras Andarilhas, em Beja no final de Agosto, onde irei contar uma das minhas histórias no dia 31 de agosto às 11h45.
Testemunhos
Os testemunhos dos leitores continuam a chegar, aos pouquinhos. Hoje partilho o testemunho da Margarida Lucas. Obrigada pelas tuas palavras.
Recomendações
Para que serve a literatura, artigo de Paula Campos no Repórter Sombra.
Recordar
A filha que tomou conta da casa
- Que é feito daquela revista que trouxe da biblioteca? – perguntou ao marido numa segunda-feira de manhã.
- Deve estar na pilha de revistas e jornais.
Mas não havia nenhuma pilha de revistas e jornais em casa. Pelos vistos, a filha tinha resolvido, durante o fim-de-semana, dar uma das suas arrumações, e a pilha de livros e revistas fora para a reciclagem.
- A revista era nova! O que digo agora na biblioteca? Fizeram-me especial favor em deixar trazer a revista para casa.
Não havia resposta para isso, portanto o marido não a deu. Deixou-a atarantada na sala, mudou de divisão. Talvez tenha ido para a casa de banho.
Sempre se dera bem com o marido. Paixão de juventude, sempre serviram de exemplo de casal feliz, entre as outras pessoas. Mas ultimamente ele deixava-a sem resposta, principalmente em conversas em envolvessem a filha. Esta, ultimamente, adquirira a mania das arrumações e das limpezas, e dava volta à casa como se fosse dela. A mãe, que não era muito dada aos serviços domésticos, andava a sentir-se à parte das decisões familiares. Podia não ser arrumada, mas ainda era a mãe daquela casa.
- Quando é que ela sai de casa?
- Mas tu queres a tua filha fora de casa?
A resposta do marido demonstrava raiva. Não era bonito desejar que a filha saísse de casa. Enquanto lhe apetecesse estar, deveria permanecer. Assim ditam os costumes meridionais. Mas a verdade é que a rapariga tinha conseguido encaminhar bem a sua vida de adulta. Mas decidira que só sairia de casa quando encontrasse marido. Mas que ideia mais retrógrada! Assim, nunca sairia de casa! Não haveria homem que a quisesse se ela continuasse obcecada com as arrumações.
- Não te importas que ela mexa nas tuas coisas? – ainda perguntou ao marido. Este respondeu-lhe que não se importava. Mais! Até gostava. Adorou quando ela lhe selecionou a roupa interior, e lhe deitou fora aquilo que já estava muito velho. Também gostou quando ela lhe guardou em separado a roupa de verão e a de inverno, ou quando lhe ordenou as camisas, no roupeiro, por cores.
Não havia como falar com ele a este respeito. Ele estava do lado da filha. Pegou na carteira e foi à rua. Passou num quiosque, comprou um exemplar da revista que desaparecera, para assim tentar remediar o assunto com a biblioteca. No quiosque, um jornal de classificados chamou-lhe a atenção. Talvez fosse altura de procurar um espaço para si própria, uma casa onde pudesse ter a roupa desarrumada e a loiça por lavar.
A Sul de Nenhum Norte, 9. Janeiro 2013
Nos locais habituais, como Kobo, Smashwords, Apple, podem encontrar contos em ebook da minha autoria